Underground Lusófono: Quem é o Wuanete Kyavulu?
Wuanete Kyavulo: é um jovem estudante amante da literatura, gosto de tudo que me desperta os sentidos, que me desperta a beleza, a força de viver e sou muito observador, não sou de fazer muitas amizades sou tímido, não consigo estar sozinho preciso de todos os que conheço, a quem diz que só muito forte mas as vezes só vejo fracasso em suma sou alguém que gosta mas de ouvir duque falar.
Underground Lusófono: Donde surge o nome Wanete Kyavulu?
Wuanete Kyavulo: Este nome me foi atribuído nos anos 99 a 2000 pelos meus colegas de escola e amigos fruto das batalhas de free style vencidas, nestes anos gostava muito de rompimento e o pessoal chamava me Muito Forte porque eu era um rompedor, quando chegou o momento de me atribuir o nome artístico traduzi o Muito Forte para Wuanete Kyavulo ou seja para a nossa língua materna (Kimbundo) porque sempre velei pela conservação das nossas raízes étnica linguísticas.
Underground Lusófono: Como e quando foi o teu primeiro contacto com o rap?
Wuanete Kyavulo: O meu primeiro contacto com o Rap foi nos finais de 98, em 2000 já era considerado um M.C, graças a um nigga de viana (P.S a.k.a Principe Supremo) foi um professor pra mim, já agora um abraço ao mesmo. Foi ele quem começo a transmitir-me a filosofia do Hip-Hop, em 2000 em diante conheci o grande DJ Ganstar do Kuarterão Norte no Hoje Ya Henda, DJ Ganstar foi e continua sendo um mestre pra mim ate o lançamento do meu single (O país está mal!) em 2007, toda informação solida sobre o Hip-Hop que eu fui obtendo graças a ele e ao cota PR Nguma ambos do Kuarterão Norte (activista do movimento). Depois conheci o Wagiza que também teve um grande contributo neste W.K que o pessoal ta conhecendo agora.
Underground Lusófono: O que é que te incentivou a fazer rap?
Wuanete Kyavulo: Eu sempre procurei uma forma o qual pudesse exteriorizar todos os meus sentimentos, ideias, ponto de vista, fazer com que o meu legado chega-se ao mundo inteiro e pudesse mudar mentalidades com poder da retórica. Em busca disso encontrei o Rap, porque a musica é como água de um rio ela tem a nascente mas ninguém sabe onde desagua. Outro grande objectivo é a essência do Rap, o Rap mudou a minha vida e amadureceu-me muito cedo.
Underground Lusófono: Quais foram as tuas influências?
Wuanete Kyavulo: Quando comecei a fazer Rap não tinha grandes influências era tudo uma brincadeira séria, até agora não sou de me influenciar muito pelos Rapper´s sempre fui mas pelos activistas. Mas ao passar do tempo comecei a ouvir muito o A.M a.k.a Aluno Mestre, Racionais M.C´s, MV Bill, DAS FX, Blackstar, DMX, Ganstarr, Mobb Deep, M.O.P, Rah Digga, etc . É importante realçar que só comecei a ganhar coragem de subir aos palcos e cantar musicas de intervenção politica quando vi pela primeira vez o M.C-K a cantar o som “Técnicas Kausas e Consequências” (sei la que), antes disso gravava as musicas e ficava apenas para eu e a minha comunidade ouvir-mos.
Underground Lusófono: Donde vem a tua inspiração?
Wuanete Kyavulo: A minha inspiração é divina nenhum homem me inspira. É resultado de tudo aquilo que me circunda, do meu cotidiano e o meio o qual estou inserido.
Underground Lusófono: Fala-nos um pouco do teu projecto “Akecimento Pra Net”, onde já extraíste duas faixas Independentes Acorrentados e Sem premência. O porque do nome “Akecimento Pra Net”? Qual é a mensagem que procuras trazer para angolanos neste projecto?
Wuanete Kyavulo: A pesar de alguns imprevistos, impasses, barreiras e falta de colaboração que tenho enfrentado por parte de algumas fontes de divulgação alternativa na internet e não só, (o contraditório é que os tais dizem apoiar o movimento incondicionalmente) o projecto esta indo bem. Digo isso em função dos resultados obtidos até o momento das primeiras faixas extraídos. E visto que estou com um álbum em carteira, estava a mas de 5 anos sem lançar nenhuma musica, motivo com que fazia muitos afirmarem que eu havia cagado pro RAP porque nunca tive gloria, me estimularam a lançar este projecto como um aperitivo. O nome diz tudo Akecimento pra Net é mesmo para Aquecer a Net, na net o artista não vê-se obrigado a censurar as suas musicas e é totalmente livre.
O Aquecimento pra Net, acarreta mensagens como perigos do sucesso, o estado actual da sociedade que do meu ponto de vista não é muito saudável e a nudez que os Mídias promovem, contem intervenção politica, em suma é um projecto 100% Rap com mensagens interventivas construtivas e uma mensagem de esclarecimento para os ingratos.
É um projecto totalmente gravado pelas as Águas Turvas (produtora a qual faço parte), conta com a divulgação oficial na internet do blog Balumukenu. É da inteira responsabilidade do Anselmo a.k.a Marcial puto do San Caleia no que tanger a misturas e masterização.
Underground Lusófono: “Akecimento Pra Net” terá quantas faixas?
Wuanete Kyavulo: 9 á 10 faixas.
Underground Lusófono: O que podemos esperar deste projecto em termos de Flow, Participações e Produções?
Wuanete Kyavulo: Em termos de flow, é único, muito diferente, inédito e sem igual. Conta com as participações do meu puto L. Gomes e o meu Irmão de luta Kontratodos. Quanto as produções o projecto foi todo gravado em beat´s francês e américos salvo a faixa com o Kontratodos que gravamos no beat do Wagiza.
Underground Lusófono: Em suas letras vejo uma defesa clara do espírito original do hip-hop e da mensagem, longe do rap comercial. Como descreves a situação actual do hip hop underground feito em Angola?
Wuanete Kyavulo: Underground é a postura psicomental, é o estado de espirito de um indivíduo, a quem é under só pelas ideologias, uns nas indumentarias, uns só em beat´s e uns são under´s na sua plenitude e na essência da termologia, o underground Angolano evoluiu e continua a evoluir muito em todos os aspecto, mas falta mas união entre os manos, mas realismo, pôr de lado o amiguismo, deixar de fazer que as coisas funcionam só na base de indicações (em bora que é um fenómeno universal). Os irmãos nas letras são contra o uso de álcool excessivo mas sobem nos palcos embriagados e com bebidas nas mãos, dirigem alcolizados promovendo assim o que dizem combater (contraditório) procurem espelhar o que transmitem nas letras porque não basta só falar atitude também conta.
Underground Lusófono: Para terminar deixa uma linha de freestyle ou mensagem para o pessoal que acompanham o movimento
Wuanete Kyavulo: Para o pessoal que acompanha o movimento continuem apoiando o movimento, indo aos eventos e nas compras dos CD´s mesmo que os tais não tenham uma grande propaganda de divulgação.
Não é praticamente um FreeStyle mas sim uma akappela:
Em 2000 eu era garoto/ e entrei neste trajecto/ chamado Hip-Hop.
Onde vive momentos bons e momentos tristes
Muitos anos de batalha/ sou um soldado desta cultura/ na era, o movimento era, pura cultura de rua/ Os beat´s não brilhavam mas que os M.C´s, pois os mestres de cerimonia antes da Poesia ser lançada no microfone, defendiam a ideologia, que o Hip-Hop era pura cultura de rua, O Hip-Hop se afirmava em Angola/ tudo por amor a camisola/Com soldados de elite que davam a vida por esta arte: Dj Ganstar, Kool Klever, Afro ket e Father Mak, Filhos da Ala Este, Dj Samurai, Pobres Sem culpa Prolema sul e M.C-K era época de ouro e do movimento puro.
Muito obrigado ao Underground Lusófono pela oportunidade que me foi cedida.
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